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OPINIÃO: 'A morte despe-nos dos nossos bens para nos vestir das nossas obras'


Um assunto que em qualquer lugar, em qualquer momento e em qualquer circunstância, as pessoas não gostam da falar é sobre a única certeza absoluta desta vida: a morte. Pois, é sobre ela que hoje este artigo vai versar. Claro que se você também é uma das pessoas que se negam a falar, ouvir ou ler sobre ela, respeito e entendo o seu direito de não ler o restante do texto e passar, se já não leu, para o artigo da minha amiga e vizinha de página, Anny Desconzi. Mas, se você encara este tema como outro qualquer, então é para você que eu pergunto: Qual a melhor forma de se preparar para a morte? Não sei a sua resposta, mas a minha é a seguinte: se nos preparamos para o vestibular, para o casamento, para o concurso público, para a aposentadoria e para tantas outras coisas que virão, por que não nos prepararmos para a morte, já que é o único acontecimento absoluto e verdadeiro que habita o nosso futuro? E a melhor forma para isso não é deitar e ficar esperando por ela, mas sim estudá-la, buscando compreendê-la sem dogmas, sem medos, sem sustos, sem fantasias e, aliado a tudo isso, uma boa dose de serenidade.

Estar preparado para ela significa não ser surpreendido quando ela novamente chegar. Sim, quando novamente chegar porque já morremos diversas vezes nos diversos corpos que já tivemos enquanto espíritos imortais que somos todos, pois não existe lógica fora da tese da reencarnação, aliás, assunto para breve neste espaço. O melhor que podemos fazer é aceitá-la com naturalidade e não ter medo dela por causa dos nossos erros, pois, invariavelmente, em nossas vidas, erramos, uns mais, outros menos, mas todos erramos. Aliás, errar faz parte do processo educativo dos espíritos aprendizes que somos todos, pois não se melhora completamente em uma encarnação eis que, tal qual o aluno das escolas do mundo, o nosso aprendizado também é lento, moroso, homeopático. Numa encarnação melhora-se um pouco, na outra, mais um pouco e assim sucessivamente.

É importante salientar duas coisas. Que poderemos morrer a qualquer instante e que nem todos morreremos idosos. Tudo que nasce, morre, absolutamente, tudo, independente de ser bom ou mau, estar saudável ou doente, ser bonito ou feio, ser jovem ou idoso. Igualmente, os vírus e as bactérias que tanto mal nos causam, assim como os animais, as plantas e até mesmo o sol e a Terra um dia irão também morrer. E de todos esses "morríveis" o único que tem medo da morte é o ser humano. E esse medo acontece porque, aos moldes do aluno que não se preparou para o vestibular, e por isso não foi aprovado, nós também não nos preparamos para a irremediável passagem. Mas, nos imbuindo não somente da certeza da morte, mas da fragilidade e da celeridade da vida, nossa existência ganha um novo significado na medida em que passamos a dar menor atenção ao que, realmente, tem menos valor e nos determos naquilo que, de fato, é mais importante.

Um engano muito comum que costumamos cometer é acharmos que quando morremos deixamos aqui os nossos defeitos e viramos santos com capacidade para resolver os problemas dos que aqui ficaram. Ledo engano! Continuamos exatamente como éramos aqui, com os mesmos defeitos e as mesmas virtudes, nem mais nem menos, pois a vida continua, apenas que em outra dimensão. Para lá levamos apenas o que é propriedade do espírito que são os nossos sentimentos, os bons e os ruins, além do produto do somatório das nossas obras tanto para o bem como para o mal. O resto, como o corpo físico e os nossos tesouros materiais ilusórios e efêmeros pelos quais lutamos e brigamos tanto, ficam todos aqui, bem aos moldes do que escreveu o poeta suíço Jules Petit Senn, nos legando uma das grandes verdades a respeito da vida e da morte quando disse: "A morte despe-nos dos nossos bens para nos vestir das nossas obras.

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